Andrea Gaudenzi, italiano que preside ao ATP Tour desde 2019, deu esta sexta-feira uma entrevista muito interessante ao ‘New York Times’, onde aborda as mais recentes novidades em torno do circuito ATP, algumas delas anunciadas na quinta-feira juntamente com o calendário para 2023.
MADRID E ROMA COM DUAS SEMANAS E QUADROS MAIORES
Há uma reorganização. A ideia é promover os Masters 1000 para diminuir o ‘gap’ que existe com os Grand Slams, que obviamente ainda é muito grande. O que todos querem ver são os jogadores mais fortes nos maiores eventos. Queremos dar aos espectadores uma história contínua, desde o início do ano até o fim. Queremos fortalecer um modelo que já funciona, o de Indian Wells e Miami, que têm esse formato há quase trinta anos. Madrid e Roma vão tornar-se torneios de 96 jogadores e jogam-se durante quatro semanas. Vencer Madrid e Roma consecutivamente hoje e dia significa vencer pelo menos 10 encontros em 12 dias, um esforço incrível e arriscado em termos de lesões. Em vez disso, quadros de 96 jogadores permitem um intervalo mais longo. É verdade que há um encontro extra, mas há uma programação melhor e o envolvimento dos jogadores é mais bem gerido.
CIRCUITO REORGANIZA-SE EM TORNO DOS MASTERS 1000
Os outros torneios serão reorganizados em torno destes dois eventos. No futuro, considerando o limite de 16 eventos ATP 500, tentaremos juntar alguns eventos ATP 250. Muitos desses torneios ficariam felizes se houvesse menos torneios nesta categoria. Também gostaríamos de agendar Challengers na segunda semana dos Masters 1000 para aqueles jogadores que perdem nas primeiras rondas. Quanto a Monte Carlo e Paris-Bercy, a ideia de longo prazo é ter nove Masters 1000 combinados. São dois torneios que apresentam alguns problemas em termos de infraestrutura, mas a ideia é fazê-los crescer também. Quanto ao Bercy, é natural que no final do ano os jogadores sofram com o cansaço e as lesões, principalmente aqueles que já se qualificaram para as Finals.
MASTERS 1000 EM RELVA?
Nenhum Masters 1000 está a salvo da sua licença. Só Indian Wells tem mais garantias. Mas poderemos acrescentar um em relva, ficar com 10 Masters 1000, as ATP Finals e os quatro Grand Slams. Teríamos, nesse cenário, 180 dias de ténis ‘premium’.
NÃO HÁ SOLUÇÃO IDEAL PARA WIMBLEDON…
A razão pela qual removemos os pontos em Wimbledon é bem conhecida; é uma questão de justiça e discriminação em resposta a uma decisão unilateral do torneio que não consideramos correta. Tal decisão deveria ter sido tomada coletivamente envolvendo todos os sete componentes do ténis (a ITF, os quatro Grand Slams, o ATP e o WTA). Esta história mostra, mais uma vez, que precisamos de um só ‘governo’ no ténis. Dito isto, ficaríamos muito felizes em devolver os pontos a Wimbledon se a proibição aos russos e bielorrussos, que disseram estar dispostos a fazer declarações por escrito porque nenhum deles é pró-guerra, fosse levantada. Do ponto de vista do ranking, queremos ter um ranking em 2022 onde todos os jogadores tenham acesso à mesma quantidade de pontos. Esta é a única maneira de ter uma classificação justa no final do ano. Se dermos proteção a quem jogou bem em Wimbledon em 2021, seria ainda mais injusto para quem jogou bem em 2022. Não podemos proteger sete ou oito jogadores causando ainda mais dano a todos os outros. Infelizmente faltarão pontos em Wimbledon no ranking de fim de ano, mas do nosso ponto de vista é a escolha mais justa e o WTA concorda connosco. Estamos numa situação em que ninguém queria estar. Respondemos a uma decisão unilateral de Wimbledon e teríamos preferido tomar essa decisão junto com todas as outras, também para ter uma uniformidade de ação. Agora, em poucos dias, a USTA tomará a sua decisão, Roland Garros tomou sua decisão, e cada um segue seu caminho.
MAIS NOVIDADES
— Possível acordo com o WTA para um Masters NextGen feminino semelhante ao masculino
— Torneios na China em 2022 ainda não estão certos…